sexta-feira, setembro 02, 2005

PSD critica discurso "sem novidade"

Reacções: Esquerda acolheu declaração do candidato com agrado e Direita fez críticas

"Um discurso justificativo feito à defesa". Foi assim que um ex-colaborador de Cavaco Silva descreveu para o JN a sua percepção sobre a declaração de candidatura de Mário Soares ontem proferida no Hotel Altis. Segundo a mesma fonte, Soares fez um discurso "difícil", patente na "necessidade de justificar o seu regresso dando o dito pelo não dito". Além disso, continua a mesma fonte, "viu-se obrigado a justificar o facto da sua candidatura decorrer de uma escolha directa do líder do PS, José Sócrates, apesar da candidatura presidencial ser autónoma dos partidos políticos". Por outro lado, salienta ainda o antigo colaborador de Cavaco, a tirada subtil de Soares ao ex-primeiro-ministro sobre o papel das finanças públicas no equilíbrio geral da situação económica e social portuguesa, "pareceu querer fazer da qualidade de reputado professor de Finanças de Cavaco uma vulnerabilidade". "Mas, assim como Soares não tem culpa de ter 81 anos, Cavaco Silva não tem culpa de ser um reputado professor de Finanças", rematou. De acordo com as informações recolhidas pelo JN, Cavaco manterá o silêncio nos próximos tempos deixando decorrer as eleições autárquicas e o calendário político normal.

Oficialmente o PSD reagiu na sede nacional, minutos após o ex-presidente da República e candidato ter falado. A vice-presidente do partido, Paula Teixeira da Cruz, sublinhou a "ausência de novidade" com que o partido assistiu à reapresentação da candidatura de Soares. "É claramente e marcadamente uma candidatura partidária", destacou. No CDS-PP a reacção, pela voz do presidente, José Ribeiro e Castro, foi de "elogio" irónico às críticas de Soares à crise que atravessa o país, à desorientação e indiferença. "É uma crítica severa ao Governo com a qual estou de acordo", afirmou o líder popular, dizendo que com a cerimónia de ontem "o PS pretendeu desviar as atenções da grave crise económica nacional". O dirigente comunista Francisco Lopes sublinhou que a apresentação da candidatura de Soares "não só não altera, como constitui mais um elemento que justifica a decisão do PCP de apresentar um candidato próprio". Os comunistas foram os primeiros a avançar com uma candidatura, a do secretário-geral do partido, Jerónimo de Sousa. O dirigente considerou que os objectivos da candidatura de Soares "não se confundem" com os objectivos do PCP. "Entendemos que a apresentação da candidatura de Mário Soares é mais um elemento de clarificação que é positivo". Fernando Rosas, que em 2001 foi candidato presidencial esteve, ontem, no Altis a apoiar Mário Soares mas esclareceu que "o BE terá o um candidato próprio que será o meu candidato".

in Jornal de Notícias

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