
Inchada Lisboa assim desta forma artificial, sobrarão razões para que quem lá manda reforce a convicção de que Portugal é Lisboa e o resto é paisagem.
Para os otários que ainda sonhavam com a real possibilidade de meter travão às quatro rodas deste megalómano empreendimento, o show da sua apresentação, ontem realizado na Gare Marítima de Alcântara, deve ter servido para acabar de vez com os sonhos.
Como os paquidermes, depois de posto a andar é impensável pará-lo. A coisa pode ser atrasada, como já foi, mas ninguém a parará. O pontapé de saída não foi deste Governo, mas será este Governo que o tornará irreversível.
Por muito que se diga que os próximos quatro anos serão dedicados integralmente aos estudos, estamos a falar, maioritariamente, dos estudos necessários à sua implementação e não dos estudos que importava conhecer para apurarmos a sua imperiosa necessidade, a sua viabilidade económica, a sua engenharia financeira, os seus diversos impactes e os seus custos previsíveis.
Foi supostamente destes estudos, já transformados em ferramentas de marketing, que ontem o Governo falou ao país. Os estudos que deveriam servir para que se abrisse um longo período de discussão de um assunto que é discutível, apenas estão desenhados para suportar a decisão tomada e ajudá-la a vender.
Vender é uma boa palavra. Depois de comprar a ideia, o Governo vai tentar vendê-la a dois públicos específicos os portugueses que votam e os investidores portugueses, ou não, que possam ter voto na matéria.
É esta a preocupação actual de quem manda. Dizer aos portugueses que o novo aeroporto vai custar uma pechincha ao Estado, porque os privados é que pagarão a maior fatia, a ver se nos compram. Simultaneamente, tentar interessar os investidores no negócio para ver se a dimensão da mentira da primeira "venda" pode ir diminuindo alguma coisa.
Ainda há muita gente que pensa que qualquer burro come palha, é preciso é saber dá-la. Se descontarmos alguns lisboetas que vivem do turismo de negócios e que já começaram a reparar que a Portela era bem mais simpática para os seus clientes, é no Porto e no Norte que o novo aeroporto é olhado com mais desconfiança. Saia palha!
O Mário Lino que preparou o show-off de Sócrates na primeira descolagem da obra da Ota, é o mesmo ministro que tentou minar o moral das tropas a Norte, com a estória das derrapagens do metro e da Casa da Música.
Aquilo que o ministro Mário Lino se despachou a fazer, passando um atestado de menoridade intelectual (e até insinuando algum desrespeito pelas leis...) aos membros da administração da Metro, é tão inconsistente e tão mal fundamentado que roça o insulto e cheira a manobra de diversão. Se o insulto pode resvalar na couraça da nossa indiferença, a manobra de diversão está aí para quem a quiser comer.
Só quem for mesmo burro é que come esta palha!"
in JN Online
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